FAMÍLIA,
LUGAR DE AMIZADE
O livro de Provérbios enaltece a verdadeira amizade, quando diz: “Em todo o tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão” (Pv 17.17). Os nossos melhores amigos devem estar dentro da nossa casa. Nossos amigos mais achegados devem sempre ser os membros da nossa própria família. Infelizmente, escasseiam-se os exemplos nobres da verdadeira amizade. Nem todas as pessoas que desfrutam da nossa amizade são nossos amigos verdadeiros. A palavra de Deus fala de Jonadabe, sobrinho de Davi, que deu um perverso conselho para Amnon, filho mais velho de Davi.
A influência perversa de Jonadabe trouxe grandes tragédias para a família de Davi. Há amigos nocivos que são agentes de morte, e não embaixadores da vida. Há amigos utilitaristas que só se aproximam de você para conseguir algum proveito pessoal. Há amigos de boteco que apenas alugam seus ouvidos para conversas tolas e indecorosas. O verdadeiro amigo é aquele que está ao seu lado na hora mais escura da sua vida. É aquele que chega quando todos já se foram. O amigo ama sempre e na desventura é que se faz o irmão.
A família é esse canteiro divino onde devemos cultivar a amizade verdadeira. Um dos exemplos clássicos dessa amizade é a devoção de Rute à sua sogra Noemi. Muito embora Rute fosse moabita e Noemi uma viúva pobre, estrangeira e idosa, Rute apega-se a ela e torna-se melhor do que dez filhos. Rute e Noemi, ambas viúvas, emergem das brumas do desalento e, fortalecidas pela amizade e sustentadas pela divina providência, fazem uma jornada pontilhada de vitórias esplêndidas, pois Rute tornou-se avó do rei Davi e ancestral do Messias.
A família precisa ser lugar de encorajamento para os fracos e ânimo para os abatidos. A família é o hospital de recuperação para os doentes e o campo de treinamento para os grandes embates da vida. Na família somos aceitos não por causa de nossas virtudes, mas apesar de nossos fracassos. É no recôndito do lar que nosso caráter é forjado, nossa personalidade é firmada e nosso temperamento é provado.
Na arena da família, quando caímos, somos levantados. Quando ficamos tristes, somos consolados. Quando erramos, somos perdoados. A família é lugar de aceitação, perdão e cura. É no recôndito sagrado da família que temos os nossos mais sinceros amigos, aqueles que estarão ao nosso lado, mesmo quando todos nos abandonarem e iluminarão nosso caminho mesmo nas noites mais escuras da alma.
A vida seria cinzenta sem verdadeiras amizades. Não fomos criados para a solidão. Deus nos fez à sua imagem e semelhança e ele é plenamente feliz na plena comunhão que sempre existiu entre as três pessoas da Trindade. Por termos as digitais do criador estampadas em nossa vida, a solidão nos é estranha e amarga. Nascemos dentro de uma família e Deus nos ordena a constituirmos uma família.
É na família que usufruímos o pleno significado da existência. É na família que crescemos e nos multiplicamos. É na família que cumprirmos o nosso mandato cultural. É na família que aprendemos a dar e a receber. É na família que aprendemos a respeitar e a perdoar uns aos outros. É na família que aprendemos a suportar uns aos outros em amor. É na família que cultivamos a verdadeira amizade.
Nem sempre, porém, a amizade trescala seu embriagador perfume na família. Às vezes, há hostilidades e mágoas; outras vezes, há ódio e indiferença. Há muitas famílias, onde as pessoas têm o mesmo sobrenome e moram debaixo do mesmo teto, mas não se amam nem se respeitam. Vivem sem o óleo da alegria e sem o bálsamo da paz. É hora de cultivarmos amizades sinceras e desfrutarmos da amizades leais. É hora de imitarmos a Cristo, nosso supremo modelo. Dele são as palavras: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15.13).
Reverendo Hernandes Dias Lopes
Diretor executivo da LPC
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